Ozen Fit
O PACTO DE AMIZADE DE HITLER E STALIN: THIAGO BRAGA – INTELIGÊNCIA LTDA. PODCAST #1482 – 27 DE MARÇO DE 2025

No episódio #1482 do Inteligência Ltda., Rogério Vilela recebeu o historiador Thiago Braga para uma análise aprofundada sobre um dos acordos mais polêmicos do século XX: o pacto de não agressão entre Adolf Hitler e Joseph Stalin, assinado em 1939. Com uma abordagem crítica e embasada em documentos históricos, Braga desmonta narrativas ideológicas e revela os bastidores geopolíticos que uniram temporariamente dois regimes totalitários antagônicos.

Thiago Braga: O Historiador que Desafia Narrativas

Thiago Braga é pesquisador, escritor e criador de conteúdo especializado em história política e militar. Com pós-graduação em Ciências Humanas (História, Filosofia e Sociologia), ele se destacou por suas análises sobre regimes totalitários, com ênfase no comunismo soviético e no nacional-socialismo alemão. Seu trabalho combina rigor acadêmico com uma linguagem acessível, o que o tornou referência em canais como Impérios AD e Brasão de Armas.

Durante o podcast, Braga deixou claro seu método de pesquisa: “Não apresento nada de novo, mas reúno fontes primárias e estudos acadêmicos sérios que muitas vezes são ignorados no Brasil”. Seu livro Mitologia Soviética: Os Mitos Fundadores do Comunismo Russo (Editora Dialética, 2025) foi citado como base para a discussão. A obra, fruto de anos de estudo, confronta versões romantizadas da Revolução Russa e expõe mecanismos de propaganda do regime soviético.

Sobre críticas de que “não é historiador”, respondeu com ironia: “Prove que eu não sou. Meu trabalho está em livros, artigos e canais com milhões de visualizações. Quem ataca minha credibilidade geralmente não tem coragem de mostrar o rosto”.

O Pacto Hitler-Stalin: Mais que uma Aliança Temporária

O episódio concentrou-se no pacto Ribbentrop-Molotov, tratado de não agressão entre nazistas e soviéticos que dividiu a Europa Oriental em esferas de influência. Braga explicou: “Esse acordo não foi um mero casamento de conveniência. Foi uma colaboração estratégica que incluiu troca de tecnologia militar, suprimentos e até campos de extermínio”.

Contexto Histórico e Interesses Comuns

Antes de 1939, Stalin via a Alemanha nazista como uma “ameaça capitalista”, enquanto Hitler classificava o comunismo como “um vídeo judeu-bolchevique”. Porém, como destacou Braga, “ambos compartilhavam o objetivo de destruir a ordem liberal europeia. Hitler queria expandir o Lebensraum (espaço vital), e Stalin buscava revolução mundial”.

A cooperação incluiu:

  1. Treinamento militar: A Alemanha usou território soviético para testes de armas proibidos pelo Tratado de Versalhes.
  2. Comércio de recursos: A URSS forneceu petróleo, trigo e minérios em troca de máquinas industriais nazistas.
  3. Repressão política: A NKVD (polícia secreta soviética) e a Gestapo trocaram informações para perseguir dissidentes.

A Farsa da Neutralidade Ideológica

Braga desmontou a tese de que o pacto foi uma “jogada estratégica” de Stalin para ganhar tempo: “Documentos dos arquivos soviéticos mostram que Stalin admirava a eficiência militar nazista. Em 1940, ele chegou a propor a entrada da URSS no Eixo Roma-Berlim-Tóquio”.

Um trecho do livro Stalin: Nova Biografia (Oleg Khlevniuk) foi citado: “Stalin via Hitler como um aliado útil para desestabilizar o capitalismo. Sua queda só interessou aos soviéticos quando a Alemanha virou-se contra eles em 1941”.

A Revolução Russa: Mitos e Realidades

Antes de abordar o pacto, Braga dedicou parte da entrevista para desconstruir narrativas sobre a Revolução de 1917:

1. O “Apoio Popular”

A ideia de que a Revolução Russa teve apoio massivo foi classificada como “propaganda perpetuada por décadas”. Dados apresentados:

  • “Em Petrogrado, epicentro da revolução, havia 30 a 40 mil manifestantes em uma população de 150 milhões”1.
  • “Mais da metade eram soldados insatisfeitos com a Primeira Guerra Mundial, não operários ou camponeses”1.

2. Abertura de Arquivos Soviéticos

Com a queda da URSS em 1991, documentos secretos revelaram:

  • “A fome na Ucrânia (Holodomor) foi planejada para sufocar nacionalismos”1.
  • “Stalin autorizou pessoalmente execuções em massa durante o Grande Expurgo”1.

Braga criticou a falta de acesso a fontes primárias no Brasil: “Enquanto estudiosos globais debatem com base em arquivos, aqui ainda se ensina que a URSS era um paraíso proletário”.

O Papel da Propaganda na Sustentação dos Regimes

A análise destacou como nazistas e soviéticos usaram técnicas similares de manipulação:

Culto à Personalidade

  • Hitler“Era retratado como o salvador da Alemanha contra o caos comunista”.
  • Stalin“A propaganda soviética o chamava de ‘Pai dos Povos’, apesar dos gulags”1.

Inimigos Comuns

Ambos regimes usaram bodes expiatórios para justificar repressão:

  • “Judeus, capitalistas e democracias liberais eram inimigos do nazismo”.
  • “Kulaks (camponeses ricos), ‘sabotadores’ e ‘agentes do Ocidente’ foram perseguidos na URSS”1.

Lições para o Presente

Ao final, Braga alertou: “Regimes totalitários podem parecer antagônicos, mas compartilham o desprezo por liberdades individuais. O pacto Hitler-Stalin prova que ideologias radicais negociam quando convém”.

Sobre a Rússia moderna, foi enfático: “Putin fechou arquivos e reescreve a história para glorificar o passado soviético. Quem controla o passado controla o futuro”


Fique Atualizado, receba resumos diariamente!

Please enable JavaScript in your browser to complete this form.
Name