JAIR BOLSONARO – Flow #426 – 14 de mar. de 2025

O Flow Podcast segue trazendo personalidades de grande relevância para o cenário político brasileiro. No episódio #426, o entrevistado foi o ex-presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, em uma conversa conduzida pelo apresentador Igor 3K. A entrevista abordou temas fundamentais para compreender não apenas o legado do governo Bolsonaro, mas também sua visão sobre os acontecimentos políticos atuais. Esta análise detalhada traz os principais pontos desse importante encontro que gerou grande repercussão nas redes sociais.

Quem é Jair Bolsonaro: O perfil do entrevistado

Jair Messias Bolsonaro, 38º presidente da República Federativa do Brasil, governou o país entre 2019 e 2022, representando uma importante mudança no cenário político nacional. Nascido em Glicério, São Paulo, Bolsonaro construiu sua carreira inicialmente no Exército Brasileiro, chegando à patente de Capitão. Durante a entrevista, ele mesmo menciona esse passado militar quando afirma: “eu era Capitão do exército”1.

Sua trajetória política começou muito antes da presidência, tendo sido deputado federal pelo Rio de Janeiro por sete mandatos consecutivos (1991-2018). Durante esses anos no Congresso, ficou conhecido por posicionamentos firmes e por defender pautas conservadoras, o que eventualmente consolidou sua base de apoio para a eleição presidencial de 2018.

Logo no início da entrevista, quando questionado sobre como está se sentindo, Bolsonaro responde com seu característico estilo direto: “tô vivo já é um grande negócio”1. Esta resposta simples, porém significativa, demonstra como o ex-presidente frequentemente utiliza um tom pragmático mesmo em situações adversas.

Bolsonaro revela que enfrenta críticas e oposição há muitos anos, bem antes de sua presidência: “eu apanho há 10 anos um pouco mais talvez”1, mencionando inclusive uma punição que recebeu no exército em 1986. Esta fala ilustra como ele frequentemente se coloca na posição de alguém que enfrenta resistência do que chama de “sistema”.

Liberdade de Expressão: O tema central da entrevista

Um dos tópicos mais significativos abordados durante a conversa foi a questão da liberdade de expressão, que Bolsonaro considera como o problema fundamental do Brasil atualmente. Quando questionado diretamente por Igor se este seria o principal problema do país, o ex-presidente responde enfaticamente que a liberdade de expressão é “o alicerce”1, indicando que sem ela não se sustentam os demais pilares democráticos.

Durante o bate-papo, Bolsonaro expõe sua visão sobre como percebe um tratamento desigual quanto à liberdade de expressão no país. Ele afirma: “se a gente discutir vacina aqui você pode (ter) problema amanhã, se discutimos urnas também, agora se você falar da Bíblia pode criticar à vontade sem problema nenhum”1. Esta declaração demonstra sua percepção de que existiria um viés nas restrições à liberdade de expressão, que afetariam mais severamente determinados temas e posicionamentos.

O ex-presidente faz uma observação interessante sobre como a defesa da liberdade de expressão parece ter mudado de lado no espectro político: “lá atrás a esquerda tinha o monopólio da Liberdade, hoje é o contrário”1. Esta inversão de papéis é um ponto relevante em sua argumentação, sugerindo que agora que as restrições afetam principalmente a direita, parte da esquerda estaria aplaudindo tais medidas.

Bolsonaro também menciona que, na sua visão, o Brasil chegou a um ponto em que precisa de “sinalizações de fora do Brasil” para resolver os problemas de liberdade, citando a provável vitória de Donald Trump nos Estados Unidos como um fator positivo nesse sentido, já que a “primeira emenda te fala da liberdade de expressão”1.

O Inquérito das Fake News e a relação com o STF

Outro tema abordado foi o controverso Inquérito das Fake News, que segundo Bolsonaro já dura muito tempo. Ele compara este inquérito com outro caso recente: “há poucas semanas teve um inquérito que foi arquivado lá de um político né, que problema de desvio de recurso… com o argumento pelo qual ele foi arquivado segundo o ministro que despachou… o inquérito durou 4 anos, se nada provou até agora não vai provar nada aqui para frente”1.

A partir dessa comparação, o ex-presidente conclui que “o próprio Supremo tropeça nas suas normas para poder atingir um alvo deles que sou eu”1, expressando sua visão de que estaria sendo tratado de forma diferenciada pela corte.

Igor 3K reconhece que o inquérito tem características peculiares, afirmando: “o inquérito das fake News ele é muito esquisito de Fato né, e não falo isso como e para defender um lado ou para defender o outro, mas o fato é que ele é muito estranho mesmo”1. O apresentador acrescenta que o inquérito “tende a atacar geralmente uma galera mais bolsonarista”1, embora mencione que Rui Costa Pimenta, do PCO, também foi alvo de medidas.

Esta parte da conversa revela a preocupação do ex-presidente com o que considera ser um tratamento desproporcional por parte do Judiciário, especialmente do Supremo Tribunal Federal, em relação a ele e seus apoiadores.

Os Eventos de 8 de Janeiro: A perspectiva do ex-presidente

Um dos momentos mais relevantes da entrevista é quando Igor questiona Bolsonaro sobre os eventos de 8 de janeiro de 2023, quando o Palácio do Planalto, o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal foram invadidos. O ex-presidente estava nos Estados Unidos na ocasião, e Igor pergunta diretamente: “que que passou pela tua cabeça quando tava lá nos Estados Unidos e tu viu que tava rolando o que tava rolando no dia 8 de janeiro?”1.

Bolsonaro responde que ficou sabendo dos acontecimentos no mesmo dia e questiona a narrativa oficial: “você não pode pensar que 15 pessoas que foram presas… tinha um plano de tomar do poder e ninguém ficou sabendo só naquele dia”1. Ele levanta dúvidas sobre o ocorrido, mencionando que “as câmaras quase 200 câmaras do Ministério da Justiça do Flávio Dino desapareceram, nada foi apresentado”1.

O ex-presidente também questiona a coincidência de Lula estar em Araraquara naquele domingo de manhã: “o que que o Lula veio fazer de manhã aqui em São Paulo em Araraquara… um cara que gosta de dormir até tarde, domingo eu fazer o quê?”1, insinuando que poderia haver algum conhecimento prévio dos eventos.

Bolsonaro faz questão de defender seus apoiadores, afirmando: “nosso pessoal que manifestação não aconteceu nada, nós passamos 4 anos sem problema, o nosso povo é educado, não joga nem papel na rua”1. Ele cita manifestações anteriores na Paulista e em Copacabana, onde, segundo ele, “acabou o momento você não achou um papel no chão”1.

O ex-presidente também questiona a narrativa de que houve uma tentativa armada de golpe, afirmando ironicamente que “a única arma que acharam foi um estilingue com atirador de bolinha de gude”1, contrastando com a descrição oficial dos eventos como uma “insurreição armada”.

A Formação de Ministério e as Concessões Políticas

Durante a entrevista, Bolsonaro também fala sobre a formação de seu ministério durante seu governo, destacando a qualidade técnica de alguns ministros, como Tarcísio de Freitas, então ministro da Infraestrutura e atual governador de São Paulo. Igor elogia Tarcísio dizendo que “realmente é impressionante no tanto que ele sabe”1 e menciona como exemplo que ele conhecia detalhes específicos de rodovias em todo o Brasil: “ele sabia exatamente de um pedaço específico que tem na Rio-Magé do Brasil todo”1.

Bolsonaro reconhece que, ao longo de seu mandato, precisou fazer algumas concessões políticas: “alguma coisa você vai cedendo, não vou negar para você”1. No entanto, ele defende que nem todas as indicações políticas são necessariamente ruins, citando como exemplo a ministra da Agricultura, Teresa Cristina: “a Teresa Cristina foi indicação da frente parlamentar da Agricultura… E o trabalho dela foi um sucesso porque ela teve liberdade para trabalhar”1.

Esta parte da conversa revela como Bolsonaro equilibrou as demandas técnicas e políticas em seu governo, um desafio para qualquer presidente em um sistema político fragmentado como o brasileiro. O ex-presidente destaca que deu autonomia para seus ministros trabalharem, o que, em sua visão, contribuiu para o sucesso de várias áreas de seu governo.

As Iniciativas no Esporte: O caso do futebol brasileiro

Um tema interessante abordado na entrevista foi a contribuição do governo Bolsonaro para o futebol brasileiro, com a criação da SAF (Sociedade Anônima do Futebol). O ex-presidente afirma: “os botafoguenses vocês são campeões mas agradeço a mim, que nós criamos em 21 SAF, sociedade anônima do futebol, o futebol empresa”1.

Bolsonaro cita exemplos de clubes que se beneficiaram desse modelo, como o Fortaleza, que “foi um sucesso o ano passado” e “até começou no final já sonhou até com possível campeonato”1. Ele também menciona que, segundo informações que recebeu, a Portuguesa de Desportos de São Paulo também teria aderido ao modelo.

O ex-presidente defende que “a iniciativa privada é muito melhor para administrar essas coisas, quando fica no clube ali acho complicado”1, demonstrando sua visão favorável à participação do setor privado em diversas áreas, inclusive no esporte.

A Nova Posição como Ex-Presidente

Igor 3K menciona a diferença entre a visita anterior de Bolsonaro ao programa, quando ainda era presidente, e a situação atual: “da última vez que tu veio aqui era uma posição mais confortável”1. O apresentador lembra que, na ocasião anterior, Bolsonaro havia comentado sobre a possibilidade de alguém pegar seu telefone, dizendo “não vai pegar meu telefone, que sou Presidente”1.

Esta mudança de status é reconhecida por Bolsonaro, que agora se encontra em uma posição diferente, como ex-presidente. A menção ao episódio de apreensão de seu telefone, relacionado a investigações em curso, ilustra os desafios jurídicos que enfrenta após deixar o cargo presidencial.

A Percepção de Perseguição e o Futuro Político

Ao longo da entrevista, fica evidente que Bolsonaro se sente alvo de perseguição política. Quando Igor menciona “essa perseguição que é como você tá, que é como a galera bolsonarista tá enxergando o que tá acontecendo agora”1, o ex-presidente não refuta essa caracterização.

Bolsonaro menciona um parecer recente do Ministério Público da Espanha sobre o jornalista Eustáquio, sugerindo que as acusações contra ele seriam consideradas mero exercício de liberdade de expressão em outros países: “as acusações que você vai ler daqui a pouco contra mim… para eles é liberdade de expressão, então não é crime”1.

Esta percepção de tratamento injusto é um elemento central da narrativa política atual de Bolsonaro, que continua mobilizando seus apoiadores mesmo após deixar a presidência. Ele menciona manifestações recentes e futuras, como a que ocorreria em Copacabana, demonstrando que continua ativo no cenário político e mantém sua capacidade de mobilização popular.

Análise Final: O Legado e a Narrativa Política

A entrevista de Jair Bolsonaro no Flow Podcast #426 oferece uma janela para compreender não apenas seu governo passado, mas também sua atual estratégia política. O ex-presidente continua defendendo as mesmas bandeiras que o caracterizaram durante seu mandato: liberdade de expressão, crítica ao STF, valores conservadores e uma visão favorável à iniciativa privada.

Sua narrativa de perseguição política e sua capacidade de mobilizar apoiadores em manifestações demonstram que, mesmo fora do cargo, Bolsonaro continua sendo uma figura central no cenário político brasileiro. A forma como ele descreve seu governo como “diferente” e destaca a qualidade técnica de seus ministros sugere uma tentativa de consolidar um legado positivo de sua administração.

Para seus apoiadores, as declarações de Bolsonaro nesta entrevista provavelmente reforçam a imagem de um líder injustiçado que continua firme em suas convicções. Para seus críticos, as mesmas declarações podem ser interpretadas como tentativas de reescrever a história recente e evitar responsabilidades.

O que fica claro, independentemente da perspectiva política do espectador, é que Bolsonaro continua sendo uma voz influente no debate público brasileiro, e sua entrevista no Flow Podcast é uma peça importante para compreender o atual momento de polarização política no país.


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